sexta-feira, 24 de agosto de 2018

TUDO O QUE SABEMOS SOBRE CYBERPUNK 2077





O que era para ter terminado como uma boa conferência acabou tornando-se um dos melhores momentos da E3 deste ano. Justo no final da conferência da Microsoft, o evento sofreu um "ataque hacker" e o tão aguardado trailer de Cyberpunk 2077 foi revelado. Apesar da CD Projekt RED ainda estar devagar com as informações e com o marketing, já sabemos várias coisas sobre o tão aguardado lançamento da empresa polonesa.
Neste artigo falaremos sobre o gênero Cyberpunk, Cyberpunk 2020 e sua ligação com Cyberpunk 2077 e por último listaremos todas as principais (e relevantes) informações sobre Cyberpunk 2077 que sabemos até o momento.


O Universo Cyberpunk: Origens e Temas


Durante as décadas de 60 e 70, a literatura de ficção científica viu o aparecimento do gênero New Wave. Surgindo como uma alternativa à ficção científica clássica e sua temática mais utópica, o gênero New Wave tinha uma proposta mais moderna e voltada a temas sociais, como a cultura de drogas, tecnologia e a revolução sexual. Sendo assim, os autores do gênero (como Philip K. DickRoger Zelazny e J. G. Ballard) preocupavam-se em criar histórias mais humanas e realistas, geralmente indo para o lado da chamada distopia (uma visão filosófica mais pessimista, geralmente com a presença de sociedades opressoras e um futuro negativo).  Um grande expoente desse gênero foi o livro "Do Androids Dream of Electric Sheep?" (ou "Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?" no português), lançado em 1968, por Philip K.Dick, o qual mais tarde seria utilizado como base para o filme Blade Runner.


O percussor de Blade Runner

Apesar de estar situado no New Wave, a obra de Philip K.Dick foi de enorme influência para o surgimento do gênero Cyberpunk, sendo muitas vezes considerada como "protocyberpunk".  O termo Cyberpunk foi cunhado por Bruce Bethke em sua obra de mesmo nome, lançada em 1982. O gênero foi solidificado com o lançamento, em 1984, de "Neuromancer", livro do autor William Gibson. Esses livros, utilizando-se das raízes mais distópicas e sociais do New Wave, introduziram as temáticas punk e hacker, criando o gênero tal como conhecemos. No mundo Cyberpunk, tecnologia, drogas, poderosas corporações e problemas sociais estão em conflito, criando uma imagem realista e pessimista do mundo. São desses conflitos que surge Cyberpunk 2020, a visão de Michael A. Pondsmith sobre o gênero.



Capa da versão brasileira de Neuromancer (Editora Aleph)


O Percusor: Cyberpunk 2020 e a Visão de Michael A. Pondsmith

Se o livro "Os Androides Sonham com Ovelhas elétricas?" foi a grande inspiração para o filme Blade Runner, este, certamente, foi o grande influenciador para Michael Pondsmith criar Cyberpunk 2013 e Cyberpunk 2020. Com o objetivo de renovar o gênero Cyberpunk (que já demonstrava sinais de queda, principalmente com o crescimento do gênero fantasia), Mike combinou as megacidades, estilo visual e outros elementos de Blade Runner com as raízes e fundamentos do gênero Cyberpunk, como criminalidade, corporações poderosas e grupos sociais renegados. Em 1988, Michael lançou Cyberpunk (que mais tarde viria a ser conhecido por Cyberpunk 2013), um RPG de mesa com a temática Cyberpunk.


Blade Runner, o filme que influenciou Cyberpunk 2020


De 1989 a 2011, o mundo passou por uma série de catástrofes e revoluções. Enquanto incríveis tecnologias (incluindo implantes cibernéticos, uma base lunar e a Net, ou Rede) eram criadas, corrupção, pobreza e revoltas devastavam os Estados Unidos, provocando o colapso do país, o qual é agravado depois de suas duas guerras/invasões na América Central e do Sul. No mundo, revoluções e transformações também ocorreram. O Oriente Médio foi praticamente destruído em um conflito nuclear interno, a Europa cria um mercado comum e União Soviética e Japão tornam-se seus parceiros, é criada a Liga Pan Africana e a América do Sul torna-se uma região eclipsada pela corrupção, carteis e revoluções. Nesse caldeirão em ebulição, as corporações adquirem cada vez mais poder, tendo deflagrado duas grandes guerras corporativas: uma pelo controle do espaço aéreo e outra pelo controle de poços petrolíferos no sudeste asiático.




Arte do livro "Night City Stories", um guia complementar para Cyberpunk 2020


Em 2013, os Estados Unidos são uma sociedade dividida: enquanto os ricos vivem em bairros limpos e cheios de recursos, os pobres vivem em favelas e são relegados à sua própria sorte. As corporações estão no centro do poder, já que começaram a treinar seus próprios exércitos em 1997 e os Estados Unidos passaram a utiliza-los para manter a paz interna. Elas passam a  ditar as normas sociais e impor seus interesses. No entanto, unindo-se contra a corrupção do governo norte-americano e os interesses corporativos, rockeiros, nômades (indivíduos sem teto que passam a viver em caravanas), mercenários e jornalistas tentam conquistar as ruas de Night City na chamada Revolução Cyberpunk, sendo este o ponto de partida para o jogo de tabuleiro Cyberpunk 2013.


Capa de Cyberpunk 2013, jogo de mesa criado por Michael


Lançado em 1990 (dois anos depois de Cyberpunk 2013), Cyberpunk 2020 surgiu como uma versão melhorada de seu antecessor, trazendo melhorias para a lore, sistema de jogo e modificações nas classes. Com relação à história, Cyberpunk 2020 trás os acontecimentos dos últimos 7 anos. Nesse curto espaço de tempo, há uma transformação tecnológica com a evolução da Rede, a criação da primeira inteligência artificial e o surgimento dos primeiros clones. Nesse ínterim ocorre a Terceira Guerra Corporativa (pelo domínio de servidores de informações conectados à Rede) e Night City é engolfada pela Guerra do Metal (um conflito de gangues por território).  No entanto, a premissa do jogo permanece a mesma.



Capa de Cyberpunk 2020


Sobre a cidade, Night City foi fundada por Richard Night, um ex-funcionário do setor de construção que fundou sua própria corporação, a Night International. Com o apoio e financiamento de diversas corporações (incluindo a Arasaka), Richard põe em prática o seu plano de construir uma cidade perfeita, sem crime e com amplas oportunidades. As corporações financiadoras ganhariam seus próprios setores, bem como o modelo de construção da cidade serviria como base para futuros empreendimentos. A construção começou em 1993 e em pouco tempo a cidade cresceu, com mais e mais corporações prestando auxílio. No entanto, em 1998 Richard é assassinado e uma guerra para obter o controle da cidade começa. Uma gangue intitulada The Mob, começou a atacar as corporações da cidade, provocando um conflito que durou 7 anos. Em 2009, a gangue passa a avançar contra a corporação japonesa Arasaka, que passa a utilizar ataques aéreos e tecnologia avançada para eliminar a gangue.

 A guerra terminou em 2011 com milhares de mortos e com uma vitória corporativa, já que conseguiram eleger um prefeito favorável às corporações. De 2013 a 2020, cenário dos RPGs de mesa, há o conflito entre as classes mais baixas, gangues e as corporações, culminando na Quarta Guerra Corporativa, onde a Arasaka e a Militech lutam pelo controle da cidade. O resultado é catastrófico, já que a Militech lança um ataque nuclear para impedir a vitória de sua inimiga japonesa. Cyberpunk 2077 tem lugar na mesma cidade, já reconstruída e cujo conflito de classes ainda persiste.


Capa de Night City, complemento para o RPG de mesa Cyberpunk


"As corporações controlam o mundo de suas fortalezas em arranha-céus, impondo seu domínio com exércitos de ciberassasinos. Nas ruas, gangues com melhorias cibernéticas vagam pela vastidão urbana destroçada, matando e pilhando. O resto do mundo é uma festa sem fim, onde lindas modelos esfregam suas modificações corporais em guerreiros de rua prontos para a batalha nos clubes mais badalados, bares sujos e ruas mais terríveis deste lado do Pós-holocausto O futuro nunca pareceu tão ruim. Mas você pode mudá-lo. Você tem plugues de interface em seus pulsos, armas em seus braços, lasers nos seus olhos, programas de biochip gritam no seu cérebro. Você está ligado, ciberaumentado e em sólida forma para ir onde apenas os mais fortes e arrojados podem chegar. Porque você é CYBERPUNK." (resumo do jogo de tabuleiro Cyberpunk 2020).  



Michael Pondsmith, criador de Cyberunk 2020


Em 2005 foi lançado Cyberpunk v3.0, o qual não teve o mesmo sucesso que seus antecessores (e sendo considerado como uma história à parte por seu criador). Para continuar a história de Cyberpunk 2013 e 2020, Mike começou a desenvolver uma continuação que se passaria em 2027, depois da Quarta Guerra Corporativa. Enquanto trabalhava em seu projeto (que, coincidentemente, tem o nome de Cyberpunk RED e será lançado em 2018/2019), Mike foi contatado pela equipe da CD Projekt RED. Da parceria entre os autores de RPG, surge Cyberpunk 2077, com o lançamento de um teaser em 2012.




Em 2013, a CD Projekt RED lançou um novo vídeo, dessa vez trazendo Michael Pondsmith. No vídeo, Mike fala sobre o mundo Cyberpunk e como isso seria traduzido em Cyberpunk 2077. A inspiração de Mike foi levar a realidade das ruas dos EUA para o universo Cyberpunk, unindo a distopia e tecnologia com elementos Noir. O mundo Cyberpunk, na visão de Mike, é onde a grande evolução tecnológica não eliminou os problemas sociais e humanos, criando uma sociedade tecnologicamente avançada mas envolta em perigo. O mais importante não é a tecnologia em si, mas o uso que as pessoas fazem dela. Não é sobre salvar a humanidade, mas salvar a si mesmo. Segundo o autor, Cyberpunk 2077 é uma evolução de Cyberpunk 2020, amadurecendo o jogo em diversos aspectos e o tornando o mundo maior e mais perigoso. É a transformação de algo estático para um mundo grande e em movimento, fazendo o jogador sentir que ele realmente está lá.






As informações sobre Cyberpunk 2077 terminaram nesse último vídeo. Com The Witcher 3 a caminho, a CDPR deixou seu novo projeto em banho maria. Somente cinco anos depois, em 2018, Cyberpunk 2077 saiu de sua hibernação.





Cyberpunk 2077: A Evolução de Cyberpunk 2020

Com o inesperado tuíte em janeiro, cresceu a expectativa de que mais informações sobre o tão aguardado jogo da empresa polonesa seriam lançadas. A E3 2018 (realizada em junho) foi aventada por muitos como o local onde Cyberpunk 2077 ressurgiria. Eles estavam certos. No tão aguardado evento, a surpresa foi geral quando a final da conferência da Microsoft foi "hackeada". Após alguns comandos em MS-DOS e easter eggs, o aguardado trailer de Cyberpunk 2077 foi lançado para o mundo inteiro.  







Nos dias seguintes ao lançamento do trailer, a CDPR mostrou um gameplay de 50 min exclusivo para jornalistas, youtubers, blogueiros e outros convidados da mídia, demo essa que também foi mostrada na recente conferência da Gamescom. E no dia 27/09 a demo foi finalmente lançada para o público geral.  A maioria das informações do jogo vem dessas fontes e da demo. Deixaremos, no final do artigo, um link com todas as fontes (videos, artigos, entrevistas etc...) utilizadas. Estruturamos essa parte em tópicos para facilitar a leitura de todos os pontos a respeito do jogo.


A Demo


Tela inicial da demo




Tudo começa com V (a protagonista) e seu parceiro Jackie procurando uma pessoa desaparecida que estaria na mão dos "Catadores" (scavengers no original). Sua busca os leva a um complexo de apartamentos em ruínas, com lixo por todo lado mas também com uma enorme quantidade de tecnologia e equipamentos de último tipo. Eles encontram a gangue e descobrem que estão raptando pessoas para roubarem seus implantes cibernéticos. Transportada para um perspectiva em primeira pessoa, V se atira atrás de objeto para se proteger dos tiros da gangue e utiliza uma droga para aumentar seus reflexos (um bullet-time, basicamente). Depois de matar os catadores da sala, o último membro da gangue na sala seguinte fecha o acesso e começa a atirar através das paredes. Utilizando uma janela, V chega no flanco de seu adversário e o distraí, possibilitando que Jackie destrua a parede e elimine o inimigo.


Jackie buscando refugio dos tiros da gangue

Ao chegarem em um banheiro, V e Jackie encontram uma banheira com gelo e dois corpos humanos, sendo um homem e uma mulher. Ao perceber que a mulher (seu alvo) ainda tinha sinais vitais e estava transmitindo um sinal, eles a tiram da banheira e V se conecta no plug neural dela (como se estivesse hackeando um computador). A protagonista descobre que a mulher é uma pessoa importante e que possui o mais elevado nível de assistência médica. Após passar por alguns sistemas de segurança e neutralizar um vírus, V consegue chamar socorro para a mulher. Logo após solicitar a ajuda, uma equipe médica da Trauma Team International (basicamente um plano de saúde/resgate privado para milionários) chega em uma ambulância. Fortemente armados, eles resgatam a mulher e vão embora, deixando V e Jackie se virando sozinhos.


Trauma Team International, socorristas da elite.

Vemos então V e Jackie andando pela cidade. Night City é enorme e repleta de pessoas, sendo todas diferentes de alguma forma. Ao olhar para alguém, é possível ver seu nome, classe e nível e é possível conversar com algumas dessas pessoas (inclusive para aceitar novas missões). O jogo então corta para uma cena no apartamento de V onde ela, após aparentemente ter tido relações sexais com um homem, vai até seu arsenal particular e pega sua pistola. Depois ela veste sua jaqueta e sai para uma nova missão. Após andar mais um pouco pela cidade (onde é possível ver boxe de rua e a cena de um crime), V entra no carro de Dexter Deshawn (um "facilitador" ou fixer, no original) para discutir os detalhes da nova missão. V deve recuperar um equipamento militar da Militech Corporation (uma das várias empresas do jogo) que fora roubado por uma gangue.


Dexter Deshawn, o homem com a prótese dourada.


Antes de encontrar-se com a executiva da Militech, V passa em um cibercirurgião (ripperdoc, no original. Em tradução literal seria doutor estripador, mas achamos melhor adaptar para um nome em português que chegasse perto de sua função: retirar e colocar implantes cibernéticos). Após receber analgésicos através de agulhas mecânicas, V recebe um implante metálico em sua mão. O doutor passa então a fazer um procedimento em seu olho, retirando o antigo (que funciona por alguns momentos ao ser retirado, proporcionando uma experiência surreal para o expectador) e inserindo um escaner ocular da Kirosh, que possibilita a identificação de pontos de acesso da Rede, ameaças e outras coisas. Na sua mão foi implantado um equipamento subdérmico que proporciona melhor estabilidade ao atirar. Depois do procedimento, V entra no carro de Jackie. Entre uma conversa e outra, a dupla é surpreendida pelo ataque de uma gangue em uma van, que atiram contra o carro. Após uma rápida troca de tiros, a van é destruída e a dupla segue para seu destino.


A executiva da Militech

V e Jackie observam a executiva e seus guarda-costas. Como o nível destes é bem mais elevado, decidem pelo diálogo (a preparação, assim como foi em The Witcher, é essencial em Cyberpunk 2077). Ao chegar, V é rendida e é posta em um link neural que possibilita à executiva e a seus seguranças saber se ela está mentindo ou não. Ao ser questionada sobre se estava sozinha ou não, V mente e é ameaçada com uma arma apontada em sua cabeça. Tendo a opção de pegar a arma ou não (as escolhas e diálogos são muito fluidos e dinâmicos), V opta por uma saída pacífica e consegue conquistar a confiança da executiva. A protagonista recebe um chip com créditos e deve entregá-lo para a gangue que tem a tecnologia roubada. V decide levar o chip para a gangue (ela também poderia ter ficado com o dinheiro). 

Ao chegar no armazém da gangue (chamada de Maelstron), um abatedouro abandonado convertido em um depósito de equipamentos e armas roubados, V vai de encontro ao líder da gangue, Royce. Após um debate acalorado, V percebe que fora enganada pela Militech, já que o chip de crédito liberou um vírus que afetou toda a gangue (tendo, inclusive, feito os ciberimplantes de um deles pegar fogo). É iniciado o combate, tendo V a vantagem, já que conseguira roubar algumas armas e equipamentos da gangue. Após algumas trocas de tiro, ataques stealth e combate corpo-a-corpo utilizando-se de lâminas implantadas em seus braços (as quais também podem ser utilizadas para escalar paredes e dar mais mobilidade para V), ela chega no chefe. Royce entra em um exoesqueleto e ela precisa acertar seu ponto fraco nas costas. Depois de eliminar o escudo do exoesqueleto, ela consegue eliminar Royce. A demo termina com V ameaçando a executiva da Militech e conversando com Dexter sobre a missão. 


A gangue Maelstrom sendo confrontada por Jackie e V. Também temos um vislumbre da jogabilidade em 1° pessoa


A História

O jogador assume o papel de V (que pode ser homem ou mulher), um mercenário em busca de dinheiro e sucesso. Essa busca o trouxe a Night City, uma enorme cidade independente que fica entre Los Angeles e São Francisco. Apesar dos altos índices de violência e da sufocante presença das corporações, Night City é tida como uma cidade de sonhos.


Em Cyberpunk 2077, Night City é controlada pelas grandes corporações e é assolada pela criminalidade decorrida das inúmeras guerras entre as gangues. A sociedade dessa enorme cidade depende enormemente da robótica e automação, com muitos serviços públicos e privados sendo feitos de forma autônoma por máquinas e robôs. A pobreza é também algo bastante presente na cidade. Megaconstruções (ex-sedes corporativas abandonadas) são microcosmos, cada um com suas próprias residências e comércios, servindo de lar, trabalho e entretenimento para a camada mais pobre da sociedade. Esse "gap" de classes é ainda aumentado pela constante publicidade feita pelas corporações, as quais vendem sonhos e desejos muitas vezes inalcançáveis. Esses sonhos geram o consumo de uma "droga" conhecida como Dança Neural, memórias que podem ser experimentadas por qualquer um. É também prevalente a venda, produção e utilização de cyberwere, ciberimplantes que servem tanto para modificar a aparência física quanto para aprimorar a capacidade para a violência e combate.


Lizzy Wizzy, uma das celebridades de Cyberpunk 2077

A violência é outra grande característica de Night City. Ela é muitas vezes o meio e o fim utilizado pelas gangues e corporações para atingir seu fim. Enquanto as diversas gangues brigam por território e recursos, as grandes corporações, incluindo as gigantes Arisaka (poderoso conglomerado japonês que busca solidificar sua posição mundial) e Militech (corporação americana do setor militar com um grande número de mercenários ao seu dispor), lutam pelo controle da cidade. No entanto, Night City também é um centro cultural com uma forte, e diversificada, vida noturna. A cidade, apesar de todos os problemas, trás esperança a muitos. Seja por falta de opção ou pelas diversas ilusões, cada esquina é vista como a oportunidade para o sucesso ou para a desgraça. É nessas condições que V irá buscar seus sonhos e lutar pelo que acredita.


V, a protagonista


Detalhes do Jogo

  • Diferentemente de The Witcher, em Cyberpunk 2077 você pode escolher jogar com um protagonista feminino ou masculino. Ainda não está muito certo como o gênero influenciará a gameplay, mas ele afetará os romances disponíveis (já que nem todos os romances serão bissexuais).  O jogo contará com um sistema de criação de personagem, onde o jogador poderá modelar a aparência física e escolher tatuagens e cortes de cabelo. Esse sistema também permitirá escolher a história e motivação do personagem, influenciando em missões e diálogos. Sobre o sistema de classes e atributos, é possível colocar pontos em seis categorias: força, constituição, inteligência, reflexos, tech e cool (categorias presentes em Cyberpunk 2020).

  • Com relação às classes, a intenção dos desenvolvedores é criar um sistema livre, permitindo ao jogar focar em um delas ou combina-las para criar algo único. As três classes principais (também oriundas do RPG de mesa) são Solo, Techie e Netrunner. Solo é o típico mercenário, com experiência militar e focado no combate. Techies são focados em modificações e ciberimplantes. Por sua capacidade técnica, são ótimos em reparos e modificações de tecnologias e armas. Os Netrunners, por sua vez, são focados em cibersegurança e conseguem acessar a Rede com facilidade. As outras classes de Cyberpunk 2020 (como Rockers, Executivos, Medias e Nômades) também estarão presentes, mas de forma secundária.

Arte conceitual do trailer mostrando um Netrunner em ação. 
  • Sobre o gameplay, o jogo será um RPG primariamente em primeira pessoa. A CD Projekt defende sua escolha de primeira pessoa (ao invés de terceira, mais comum em RPGs) para que o jogador tenha uma melhor imersão em Night City. Apesar do combate e ações acontecerem em primeira pessoa, as cinemáticas e momentos de fala acontecerão muitas vezes em terceira pessoa (bem como, ao dirigir um carro, o jogador pode optar pela terceira pessoa). 
  • O jogo é não linear, o que possibilita que o jogador escolha o melhor curso de ação, seja uma entrada mais stealth, mais agressiva e explosiva ou até uma ação mais diplomática e sagaz. Isso também ocorre nas conversas, onde V pode escolher rapidamente a melhor fala/saída para a situação. A junção da ação com a fala é bem integrada, como pôde ser visualizado em ambas as demos. Essas interações não resumem-se apenas a momentos importantes do jogo, mas também estão presentes em conversas com os NPCs mais comuns na cidade.
  • Outro ponto importante nas interações entre o protagonista e os NPCs é um elemento chamado de "Street Creds" (algo como créditos de rua). Ele pode ser adquirido de side quests e ao equipar certos tipos de vestimenta e ciberimplates. Esses créditos influenciam o que as lojas te vendem e as partes do mundo que estarão abertas para você. Um alto número de créditos significa que mais áreas estarão abertas e que você poderá comprar itens mais raros em algumas lojas. Juntamente com a skill de cool (legal/popular, na tradução direta), ela influenciam como os NPCs reagem e interagem com V. 


V é ameaçado. A imagem também nos mostra como será a jogabilidade em primeira pessoa.

  • Apesar de tomarem The Witcher 3 como base, as escolhas de V durante o jogo terão muito mais impacto. As missões secundárias, e as interações que V faz durante o jogo, influenciam bastante as missões principais e o jogo em si. No final, muitos jogadores poderão se arrepender de suas escolhas. 
  • A ideia é trazer um aspecto mais humano e imersivo, onde não há exatamente uma linha bem definida entre o bem e o mal. As gangues e vilões não são caricaturas, mas entidades com objetivos, e personalidades próprias.  Fazer só ações "boas" ou "más" pode não resultar no melhor final. E o mais interessante: essa interação "cinza" não ocorre apenas do jogador para os NPCs, mas também dos NPCs para o jogador. Tudo dependerá de suas ações.
  • Night City é uma cidade bastante extensa e repleta de pessoas e coisas a se fazer. Há uma grande ênfase na verticalidade e na imersão, com o jogo herdando a não existência de telas de carregamento no mundo aberto de The Witcher 3. Apesar de não ser possível explorar todos os edifícios, as megaconstruções (enormes edifícios, outrora sedes corporativas) serão plenamente exploráveis, tendo cada uma setores residenciais e comerciais, com a presença de missões e vendedores diferenciados. Haverá também um sistema que simulará o ciclo de dia e noite, dando um ar de Noir/Blade Runner mas mantendo a imersão de uma cidade viva. 


Night City


  • A cidade conta com seis grandes distritos (City Center, Santa Domingo, Pacifica, Watson, Heywood e Westbrook), cada um com seu próprio estilo. A demo aconteceu no distrito de Watson, baseado nos restos de uma grande corporação falida. A cidade será bastante interativa, com anúncios que respondem ao jogador e diversas opções de diversão, incluindo bares, lutas de rua e bordeis. 
  • V possui um apartamento, onde pode guardar roupas e equipamentos, se preparar para missões e convidar homens/mulheres para encontros sexuais (sem censuras). Além de encontros casuais, o jogador poderá optar por relacionamentos mais sérios. Também será possível adquirir outros apartamentos/esconderijos durante o jogo.
  • Além de andar à pé, o jogador poderá utilizar o seu próprio carro e/ou moto. Nele, V pode optar pela visão em terceira pessoa e também pode combater de dentro dele. Na visão em primeira pessoa, a interface (UI) aparece no para-brisas, como o HUD de um caça. Também haverão carros voadores, mas o uso deles pelo jogador de forma contínua ainda está em estudo. Por enquanto só é possível voar em um deles em certas missões. 



Jackie no que parece ser uma clínica de acupuntura. 
  • Há uma grande ênfase no combate, podendo o jogador escolher entre armas de combate corpo-a-corpo e à distância. Também poderá escolher entre armas de força (com grande dano), tecnológicas (podendo penetrar em paredes e outros objetos) e inteligência (que perseguem os alvos). Essas armas podem produzir quatro tipos de danos: físico, termal, eletromagnético e químico. Além dos danos nos corpos dos inimigos, as armas também poderão afetar outros objetos, como portas, paredes e janelas. 
  • Apesar da interface ser mínima durante períodos pacíficos (e você ainda poderá desligar/ligar alguns desses elementos via menu), no combate ela torna-se mais complexa, mostrando a barra de saúde, o nível e possível pontos fracos do inimigo. O jogador também possui a habilidade de escanear e saber mais sobre inimigos, NPCs e elementos do jogo, seja para descobrir detalhes e pontos fracos, seja para aprender mais sobre a lore. Através dessa habilidade, também é possível controlar um robô aranha (possivelmente o equipamento roubado presente na demo). 
  • As habilidades escolhidas também influenciam no combate. Um jogador que invista nas habilidades de tech poderá desbloquear portas  e desabilitar sistemas. Já um netrunner poderá hackear a mente de inimigos com implantes e poderá acessar melhor a Rede, um mundo virtual completo. O jogador também poderá modificar suas armas, comprar e modificar implantes (detalhe: implantes oculares influenciaram na visão em primeira pessoa) e utilizar drogas, seja para recuperar vida seja para acionar um "bullet-time". 


A violência habitual de Night City
  • As missões em Cyberpunk 2077 são oferecidas por "facilitadores" (fixers) ou podem ser encontradas em situações na rua, podendo o jogador escolher ou não a missão. Apesar de muitas missões serem solo, o jogador poderá ocasionalmente contar com ajuda em alguns trabalhos. A ideia é que isso ocorra de forma orgânica. Haverá dois tipos de XP: uma principal (vinda de missões primárias) e outra em forma de créditos de rua (sendo obtida de missões secundárias).
  • A CD Projekt RED está estudando um modo multiplayer para o game. A ideia é criar algo que complemente o modo single-player, não destruindo a imersão do jogador. Caso funcione,  ele só será implementando após o lançamento.
  • Apesar do jogo estar jogável do começo ao fim, há uma série de bugs e problemas a serem corrigidos. Por isso só foi possível mostrar a demo para um público mais restrito. A ideia dos desenvolvedores é mostrar para o público algo mais polido e completo.

Ben e Maja, cosplayers oficiais de V


Pelos artigos dos jornalistas (depois de verem as demos da E3 e da Gamescom) e da demo, Cyberpunk 2077 tem tudo para ser um dos melhores jogos da história. Apesar da pouca quantidade de informação, já conseguimos ter a noção do que nos espera: um RPG com a imersão do gênero Cyberpunk aliado à criatividade polonesa da CDPR, mesclando as discussões de transhumanismo, política e tecnologia com o desenvolvimento de personagens e missões complexas. Cyberpunk 2077 será lançado, e otimizado, para o Xbox One, PS4 e PC. E, nas palavras da CD Projekt RED, será lançado quando estiver pronto (embora 2019/2020 sejam as datas mais faladas, já que recentemente a Amazon listou o jogo para lançamento no final de 2019).

Se tiverem alguma dúvida, sugestão, crítica ou achar que tenha faltado algo, deixme um comentário! Só não mandem um ciberassassino atrás da gente!


Fontes: https://pastebin.com/9Sq4wL7z


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