sexta-feira, 3 de abril de 2015

The Witcher 3: Wild Hunt - Preview Jornal I (Portugal) e entrevista com José Teixeira


A convite da Bandai Namco (ao Jornal I), deslocamo-nos a Madrid para o preview de um dos jogos mais esperados do ano: The Witcher 3 Wild Hunt. Este RPG é o último jogo da trilogia The Witcher , desenvolvida pela CD Projekt RED, e baseada nos livros de Andrzej Sapkowski. Uma fantasia sombria, com uma narrativa não-linear, que promete impressionar os fãs da saga e cativar um público que espera por um jogo mais adulto e que oferece muito mais do que bons gráficos e sequências de combate.

Nunca jogou os jogos anteriores de The Witcher? Não chegou a ler os livros de Andrzej Sapkowski? Não há problema. A primeira parte do jogo parece especialmente feita para os novatos nesta história, com uma introdução cinematográfica que apresenta os jogadores ao mundo de Geralt, a personagem principal, à história de The Witcher e às personagens que constituem a narrativa.


Tivemos a oportunidade de experimentar o jogo por mais de três horas (em modo “easy”, claro) e para quem é novo nestas andanças, a primeira parte faz, realmente, toda a diferença. Começamos com um tutorial que nos ensina a movimentar no jogo, passando de seguida para um tutorial de combate onde aprendemos a desembainhar a espada, esquivar de golpes e os diferentes feitiços que o nosso Witcher tem no arsenal. Conhecemos ainda Ciri, uma jovem aprendiz sem tento na língua, e o seu treinador que tenta controlar a pequena rebelde. A narrativa do jogo é tão complexa que o próprio sonho de Geralt parece servir de presságio para novas missões no futuro que voltarão a reunir estas personagens.

As três horas de jogo não foram suficientes para explorar tudo o que The Witcher 3 tem para oferecer, se bem que perdemos muito tempo do jogo a olhar à nossa volta. É impossível não o fazer, os gráficos estão impressionantes e o mundo que nos rodeia é admirável e 30 vezes maior que em The Witcher 2 . O tamanho deste mundo requer que a personagem se desloque a cavalo ou através de pontos de ligação no mapa, navegando entre diferentes ecossistemas e culturas, que conferem diferentes experiências ao jogador. Cingindo-se à história principal, estima-se que o jogador tenha cerca de 50 horas de jogo pela frente.

O nosso pouco tempo de jogo serviu para conhecer dezenas de personagens complexas, e opções de diálogo com consequências directas no jogo. Sentimos, durante toda a experiência, um grande controlo no desenrolar da aventura e da própria historia, através das decisões que tomamos. Como novatos, não pudemos deixar de testar esta faceta do jogo: explorar o terreno, conversar com as personagens, empurrar quem passa por nós nas ruas e começar uma desavença com um grupo de soldados que percebemos, tarde demais, que não tínhamos hipóteses de ganhar.



As sequências de combate são bastante intuitivas e dinâmicas e à medida que o jogador evolui também o combate se torna mais complexo, envolvendo o combate por espadas, sinais mágicos, alquimia e a possibilidade de interagir com o ambiente durante o confronto.

Além do preview deste jogo cativante, que nos prende pela forte narrativa e complexidade do ambiente, das personagens e das relações entre si, tivemos ainda a oportunidade de conversar com José Teixeira, o Senior Technical Artist de The Witcher 3, e o único português na equipa responsável pelo jogo (nota da WitcherBR, já temos uma entrevista com o português José Teixeira em outra ocasião, já conferiu?).

Vamos começar por conhecer um bocado do seu percurso: como é que um português foi parar à equipa responsável pelo The Witcher 3?

JT: Isso é uma longa história! Eu estudei arquitectura, em Lisboa, mas acabei por nunca trabalhar na área, porque assim que acabei o curso comecei por trabalhar em 3D, depois em publicidade e fazer conteúdos para televisão e visualizações. E tinha a ideia de ir trabalhar para o estrangeiro, uma ideia que já andava a namorar há muito tempo mas nunca tinha tido efectivamente coragem para me mudar.



Em 2009, surgiu então uma oportunidade de ir trabalhar para a Polónia, para uma empresa que na altura se chamava People Can Fly , e que agora se chama Epic Games Poland . Trabalhar em jogos foi uma coisa que eu sempre sonhei fazer, mas foi difícil, fazer uma mudança destas é difícil, mas fui e trabalhar nessa empresa acabou por ser excelente, foi uma excelente aprendizagem e era o trabalho que eu sempre queria.

Quatro anos depois, em 2013, acabei por mudar para a CD Projekt RED . Foi uma mudança muito pacífica e continuo lá desde então.

Então não esteve envolvido na produção dos dois jogos anteriores da saga do Witcher?

JT: Não não, quando entrei para a CD Projekt RED já estavam a desenvolver o The Witcher 3.

E como é ser o único português nessa equipa?

JT: [risos] É interessante! A equipa é super misturada, com imensos estrangeiros. Nos últimos anos a equipa cresceu imenso, especialmente desde 2013, e agora já são 230 ou 250 pessoas de várias nacionalidades.

Curiosamente, a equipa cresceu com pessoas que adoram o Witcher! Isto é uma coisa que soa sempre muito a marketing dizer “o Witcher 3 é um jogo feito por fãs do jogo!”. Mas é verdade, é mesmo verdade! As pessoas tiveram a oportunidade de fazer parte e trabalhar neste terceiro capítulo e vieram do mundo inteiro.

Já era fã do Witcher antes de entrar para este projecto?

JT: Já tinha jogado anteriormente e andava de olho deles por causa do Witcher e do Cyberpunk , que são jogos que fazem e que são realmente interessantes. Um dia, vieram ter comigo e disseram que precisavam desesperadamente de um artista de efeitos visuais e juntei-me à equipa. Só pensei: “que coincidência!”.

Este jogo faz sentido para o mercado português? Qual é a vossa expectativa para este mercado?

JT: Eu espero que corra bem. As expectativas do jogo são uma loucura e nota-se que existe um público que já está à espera de um jogo como este. Não é o género de jogo em que apenas corremos enquanto explode tudo à nossa volta ou que temos de salvar a princesa. É um jogo mais complexo, com personagens também mais complexas e histórias mais densas, e nota-se que agora começa a haver uma audiência para isto.



Os jogos estão agora a atravessar uma fase muito interessante em que a tecnologia já não impressiona só por si, é preciso algo mais. Não bastam os gráficos bonitos. Já vimos tudo o que é preciso ver de gráficos bonitos e precisamos é de ver o que há de mais interessante neste momento. Aliás, alguns dos jogos mais interessantes feitos recentemente são jogos com alguma espécie de estilo, com um estilo artístico específico e histórias fabulosas. E o Witcher preenche esses requisitos, tem uns gráficos fabulosos, claro, mas a história está excelente, está muito bem escrita, com diálogos também eles muito bem escritos. É o tal algo mais. Esperemos que isso satisfaça os fãs que estão à espera de uma experiência mais adulta.

E o que dizer a quem não está à espera do Witcher?

JT: Ui! Experimentem! Acho que vale a pena! [risos]. A sério, experimentem e não tenham medo. Uma das coisas que as pessoas comentam mais frequentemente é o receio de não ter lido os livros do Andrzej Sapkowski, ainda que o jogo se desenrole mais à frente. O que é excelente! Os livros acabam por introduzir as personagens e o mundo e quem não os leu acaba por ter algum medo de ficar perdido. O nosso conselho é sempre o mesmo: se tudo correr bem isso não vai acontecer, os nossos quest designers e escritores fizeram um excelente trabalho e toda a primeira parte do jogo serve como uma espécie de introdução em que explicamos porque é que aquelas personagens são importantes para o jogo e entre eles. Acho que mesmo que seja o primeiro jogo que vão jogar neste universo vão conseguir compreender bem.

Planeiam em lançar algum demo?

JT: Acho que não. Já estamos mesmo perto do final neste momento.



Qual o melhor conselho para um jogador novato, quer para a história do jogo quer para este género de jogos, quando começa a jogar o The Witcher 3 ?

JT: Há uma coisa que é preciso mesmo explicar. Este jogo não é o género de jogo em que é preciso correr de um lado para o outro, aliás, é precisamente o contrário. Recomendo que percam um bocado de tempo a explorar o mundo, a falar com as personagens e a descobrir e a caçar os monstros que, afinal, é a parte mais importante do jogo. É um jogo que recompensa os jogadores que estão dispostos a dedicar algum tempo a explorar o jogo e descobrir o que aconteceu, a descobrir os locais e as personagens. E é isso que eu recomendo, que a pessoa se perca, que se deixe perder no jogo. Não se foquem apenas no objectivo principal do jogo, explorem e deixem-se perder pelo jogo que vai valer a pena.

E, para terminar, o que é que ainda há para fazer?

JT: Ui! [Risos] Nós estamos mesmo a acabar. O jogo está acabado e estamos apenas a preparar a versão final e assegurar que está com excelente qualidade para enviar para a manufactura e começar a vender. Depois disso, já anunciamos que vamos ter conteúdos para download, que vão ser gratuitos. Vai depender muito da reacção dos fãs e de como o jogo é recebido, mas vamos fazer uma série de conteúdos que vão dar alguma longevidade ao jogo. Este jogo é o final desta saga, mas durante os próximos meses queremos continuar a dar alguns conteúdos extra aos nossos jogadores.

The Witcher 3: Wild Hunt chega em Maio para PC, PlayStation 4 e Xbox One.

Fonte: Jornal iOnline

Nenhum comentário:

Postar um comentário